O que fazer face a um conflito

Cátia SilvaHead of Open Courses Business at CEGOC
O que fazer face a um conflito

Existem várias formas de abordar um conflito. Segundo Kenneth Thomas e Ralph Kilmann, em situações conflituosas o comportamento de uma pessoa pode ser enquadrado em duas dimensões: A assertividade (procura da satisfação dos interesses próprios) e a cooperação (procura da satisfação dos interesses do outro).

Estas duas dimensões definem 5 comportamentos passíveis de ser adotados numa situação de conflito:

  • competição,
  • acomodação,
  • evitamento,
  • compromisso
  • colaboração.

Nenhum destes comportamentos é melhor ou pior. Cada um deles pode ser apropriado e muito efetivo, dependendo das circunstâncias, do assunto a ser resolvido e das partes envolvidas.

Competição

É uma atitude assertiva e não cooperativa, onde prevalece o uso do poder. Ao competir, o indivíduo procura atingir os seus próprios interesses em detrimento dos interesses da outra pessoa. É um estilo agressivo e antagónico onde o indivíduo faz uso do poder para vencer. A competição pode significar “proteger os seus direitos”, defender uma posição na qual acredita, ou simplesmente querer ganhar.

Mesmo sendo um estilo coercivo, há ocasiões em que o uso da competição é justificável e pode ter resultados positivos. Eis alguns exemplos:

  • Quando ações rápidas e decisivas são vitais, como, por exemplo, numa emergência, e não há tempo para troca de opiniões.
  • Quando estão em jogo princípios importantes.
  • Quando estamos num beco sem saída, numa situação de “ou ele ou eu”.
  • Quando nem o diálogo nem o tempo ajudarão a resolver o conflito, que tende a deteriorar-se cada vez mais.
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Acomodação

É uma atitude pouco assertiva, cooperativa e auto sacrificante, ou seja, o oposto da competição. Ao acomodar-se a pessoa renuncia aos seus próprios interesses para satisfazer os interesses da outra parte. A acomodação é identificada como um comportamento generoso, altruísta, dócil, através do qual se cede à vontade da outra pessoa ou, em oposição, como um comportamento de fragilidade em que se “abre mão” do seu ponto de vista a favor do outro.

A acomodação, quando aplicada no momento adequado, pode trazer bons resultados. Eis alguns exemplos:

  • Quando é especialmente importante preservar a harmonia e evitar uma quebra no relacionamento.
  • Para demonstrar generosidade da sua parte.
  • Quando a questão é muito mais importante para o outro e temos pouco a perder, salvaguardando desta forma o relacionamento interpessoal.

Evitamento

É uma atitude pouco assertiva e não cooperativa: a pessoa não se empenha em satisfazer os seus interesses, nem coopera com a outra pessoa. O indivíduo coloca-se diplomaticamente à margem do conflito, às vezes adiando o assunto para um momento mais adequado, ou então simplesmente recuando diante de uma situação de ameaça (física, emocional ou intelectual).

Eis algumas ocasiões em que o evitamento pode ser adotado:

  • Quando o custo de um confronto é maior do que o seu potencial benefício.
  • Se ambas as partes considerarem a questão pouco significativa.
  • Quando as duas partes precisam reduzir a tensão emocional.
  • Para resguardar a sua neutralidade ou reputação.
  • Quando há uma real possibilidade do problema desaparecer sozinho.

Compromisso

É uma posição intermédia de assertividade e cooperação. O indivíduo procura soluções mutuamente aceitáveis, que satisfaçam parcialmente os dois lados: faz cedências desde que em contrapartida receba algo em troca que seja de seu interesse. O acordo significa, então, trocar concessões por contrapartidas ou, então, procurar uma solução de meio termo.

Eis alguns casos em que o compromisso pode trazer bons resultados:

  • Quando todos têm a perder se não chegarem a um entendimento.
  • Quando os dois lados têm uma relação de poder equilibrada.
  • Quando queremos chegar a um acordo temporário/provisório e o encaramos como um ponto de entendimento futuro face a situações complexas.
  • Quando, mesmo que os prejuízos sejam inevitáveis, as perdas podem ser reduzidas para os dois lados.
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Colaboração

É uma atitude tanto assertiva quanto cooperativa. Ao colaborar, o indivíduo procura trabalhar com a outra pessoa tendo em vista encontrar uma solução que satisfaça plenamente os interesses das duas partes. Significa aprofundar o assunto para identificar as necessidades e interesses dos dois lados e encontrar uma solução satisfatória para todos os envolvidos. Ao colaborar, o indivíduo procura aprender com os desacordos, observando o ponto de vista do outro, encontrar soluções criativas para problemas de relacionamento interpessoal e maximizar os ganhos para ambas as partes.

Alguns exemplos do uso apropriado da colaboração:

  • Quando precisa de encontrar uma solução integrada e as necessidades e interesses de ambas as partes são por demais importantes para serem ignoradas.
  • Quando existe um ambiente de confiança mútua.
  • Quando quer o comprometimento dos outros através de uma decisão consensual.
  • Quando ambas as partes ganham mais juntas do que isoladamente.
  • Quando os recursos dos envolvidos se complementam.

Não obstante os cinco comportamentos mencionados, pessoas diferentes utilizam diferentes estratégias para gerir conflitos. O importante é conhecê-los e servir-se das várias opções à sua disposição para ser bem-sucedido.

Escrito por

Cátia Silva

Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações pelo ISCTE. Mestrado em Direção Comercial e Marketing pelo “Instituto Universitario de Posgrado” em Espanha.MBA Executivo em Gestão de Recursos Humanos pela Escola de Gestão & Negócios – Universidade Autónoma de Lisboa. Professional Diploma in Marketing Digital, pelo Digital Marketing Institute.

Practitioner em Programação Neuro Linguística pela “The Northern School of NLP & Associated Studies” no Reino Unido. Responsável pela Formação Inter Empresas CEGOC no seu todo e pela oferta específica na área de Vendas & Negociação Comercial tem, também, experiência na Gestão de Carteira de Clientes e na Gestão de Projetos de Intervenção/Formação.

Responsável pela condução de ações de formação em diversas geografias (Europa, América Latina e África), através de distintas modalidades (formação presencial, 100% digital, blended e outdoor).

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