É tempo de convergência, cooperação... e solidariedade

Alina OliveiraConsultora, Formadora e Coach

Numa cultura de competição e de luta pelo melhor lugar em que ninguém admite não ser o melhor ou não ter o melhor lá em casa, vivemos de uma aparente felicidade baseada na comparação. Pois é aqui que começa o nosso maior problema e a maior fonte de angústia, porque nos traz infelicidade e insatisfação permanente. Está na altura de abandonar a competição e dar lugar à convergência e à cooperação… é o tempo certo para a solidariedade.

 

 

Somos seres únicos, incomparavelmente originais, com competências e perfis completamente distintos, com motivações diferentes e propósitos de vida próprios.

 

É impossível trazer alegria para a nossa vida, se assentarmos esse sentimento em conquistas efémeras, só para superar as conquistas alheias.

 

Sem um conhecimento profundo de quem somos e do que nos move, não podemos prosseguir a vida assente em escolhas massivas só para seguir a tendência, e tentar ser aceite por estar in.

  • Se o amarelo nos enjoa, porque temos que vestir a cor das tendências da próxima estação primavera/verão?
  • Se não gostamos de Gin Tónico, porque alinhamos pela tendência de grupo, só para ser bem visto, enquanto nos contorcemos para deglutir aquele copo?
  • Se não gostamos de futebol, porque temos que discutir o tema para fazer sala?
  • Porque fumam e bebem a maior parte dos adolescentes, quando saem em grupo?

 

Simplesmente porque somos seres sociais, e porque segundo Abraham Harold Maslow (psicólogo americano 1908-1970) temos necessidades, que à medida que vamos escalando na Pirâmide das Necessidades, passam pelas necessidades sociais de aceitação, reconhecimento, afeto, integração para culminar na autorrealização. 

Desde tenra idade que somosincitados à competição, à conquista dos pódios, à melhor posição em campo, ounas pautas de avaliação da escola, para pertencermos ao quadro de mérito, parater a melhor média e para poder ser o mais bem-sucedido a nível profissional. Asermos os melhores. Isso cria um espírito de ganhador efémero, um egocentrismo,uma insatisfação constante e uma falta de empatia com os que nos rodeiam, paraconseguir ir mais além!

A autorrealização pode desenvolver traços de isolamento e de uma individualidade autocrata capaz de centrar todas as decisões em si próprio, e com pouca inteligência emocional e frustração perante os obstáculos. 

A contradição entre a ideia de Charles Darwin em que os organismos que melhor se adaptavam ao meio em que viviam é que conseguiam sobreviver através da capacidade de adaptação e o Darwinismo Social em que só os mais fortes sobreviveriam pode ter induzido a erros de leitura social. É que a primeira, levava em consideração aspetos biológicos e não trabalhava com a questão de superior/inferior como se supõe no Darwinismo Social e que muito contribui para a superioridade de alguns povos, raças ou personalidades, que trouxeram conflitos e guerras mundiais. Afinal era só questão de ter características de adaptação ao meio e capacidade de flexibilidade e não de ser melhor que os demais.

 

É tempo de recentrarmos as nossas formas de estar em sociedade e de educarmos os nossos filhos para a criação de um mundo melhor, mais compreensivo, mais solidário e mais cooperante.

 

Falta-nos a liderança de quem consegue, dentro deste espírito, fazer chegar os desperdícios dos países desenvolvidos para colmatar a fome nos países de terceiro mundo. Falta-nos dar um passo em frente, para descobrir que todos podemos ser os melhores naquilo para o qual fomos traçados e para o qual nascemos. Falta desenvolver uma Liderança Situacional, capaz de se adaptar às equipas, aos elementos de cada equipa, aos estados emocionais de cada elemento da equipa a cada dia que passa, e à dinâmica que as empresas tiveram que adotar para se adaptar à incerteza que vivemos.

Acredito que é tempo de criar um novo mundo melhor, com novos valores de cooperação e convergência positiva!

- Quem alinha em ser o motor da diferença?

Escrito por

Alina Oliveira

Autora do livro “ Resiliência para Principiantes” – ed. Sílabo, 2010.Sou formadora e consultora nas áreas da gestão e liderança de equipas, resiliência, comunicação e gestão de conflitos, gestão do tempo, resolução de problemas, relações cliente/fornecedor.Um dos temas que mais me apaixona é a Resiliência, o que me levou a escrever um livro sobre essa temática: “Resiliência para Principiantes”.
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