A empatia é um traço de personalidade que se refere à nossa capacidade de sentir e compreender o que outra pessoa está a vivenciar. Faz parte da nossa inteligência social. Freud e Hobbes, por exemplo, demonstraram que somos egoístas e individualistas. Mas não somos somente isso: é o que neurocientistas, biólogos e psicólogos têm provado nos últimos anos. Somos também Homo Empathicus, pelo que o nosso cérebro está munido com circuitos de empatia, prontos a serem ligados.
“Colocar-se no lugar do outro é a verdadeira revolução“
No livro “Empathy – Why It Matters and How to Get It”, o fundador do primeiro Museu da Empatia do mundo, Roman Krznariz, sumariza uma década de pesquisa acerca da prática da empatia, a nossa capacidade de nos colocarmos no lugar de outra pessoa e vermos o mundo pelos seus olhos.
Com um texto fluido e leve, conhecemos personagens e momentos históricos que ajudam a narrar a trajetória da empatia na nossa sociedade e situar até onde nos encontramos hoje. A partir disto, é-nos mostrado como é possível expandir o olhar sobre o outro através da empatia, ao ensinar-nos como esta pode beneficiar todos e tornar o mundo mais humanizado.
Para Krznariz, a nossa capacidade cognitiva para a empatia desenvolve-se durante a infância. Contudo, como várias competências humanas, o nível de empatia varia de indivíduo para indivíduo.
Numa sociedade como a nossa, que passa por um momento pautado por confinamento, isolamento social, redução de empatia, excesso de narcisismo e individualismo, torna-se essencial deixarmos o nosso ego de forma a conectarmo-nos verdadeiramente com os outros seres humanos. Diante desse cenário, é preciso compreender como somos capazes de aumentar o nosso potencial empático.
No livro, é referido que as pessoas altamente empáticas costumam apresentar 6 hábitos:
- Ativam o seu cérebro empático
A capacidade para a empatia faz parte da nossa herança genética e pode amplificar-se ao longo da vida.
- Dão o salto imaginativo
É preciso humanizar o outro. Para isso, pode-se, por exemplo, imaginar como é a vida de todos aqueles com quem nos cruzamos no nosso dia a dia, ou a vida daqueles de quem as nossas ações dependem. Descobrir o que temos em comum com alguém, mesmo que seja com um estranho, é mais uma forma de nos conectarmos com as emoções do outro.
- Procuram experiências empáticas
Quem tem disposição para mergulhar em experiências de empatia acaba por conseguir colocar-se no lugar do outro com mais facilidade. Além das conversas diárias ou de ver um filme, as viagens e o relacionamento com outras pessoas e culturas são cruciais para o desenvolvimento empático.
- Praticam a arte da conversação
A conversa e a empatia caminham lado a lado. Não obstante, para que as conversas sejam verdadeiramente ricas, devem-se ultrapassar as trivialidades e aprofundar temas importantes.
- Viajam no seu sofá
Vários filmes e livros ultrapassam as fronteiras do ecrã e das páginas impressas, sendo que trazem à tona o Homo empathicus que habita no nosso interior. São oportunidades de entrar em contacto com realidades que talvez nunca possamos conhecer diretamente. Assim, podem servir como veículos para uma transformação empática, através da adoção das diferentes perspetivas neles descritas.
- Inspiram uma “revolução”
Certas pessoas conseguem criar ondas de empatia coletiva, capazes de transformar a história. A empatia deve ultrapassar o âmbito da vida privada e ganhar também importância na vida pública. A pobreza, violência, desigualdade e a degradação ambiental são alguns dos problemas atuais que podem ganhar muito com a criação de uma cultura da empatia.
Nesta era do “novo normal”, marcadamente digital e tecnológica, a empatia é uma das competências mais valorizadas por pessoas e organizações – diariamente testadas ao nível das suas capacidades de resolver problemas reais de clientes reais. Na verdade, é um desafio deixa a cada um de nós a mesma missão: recuperar o nosso Homo empathicus.
Para saber mais sobre este tema, recomendamos a formação CEGOC Inteligência Emocional
Deixe um comentário