Feedback: o que é e o que o torna tão importante?

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Porque será tão importante debruçarmo-nos sobre um tema como o feedback? Partamos desta premissa: o universo das nossas relações melhora substancialmente quando as pessoas conscientes fazem parte dele. E as pessoas tornam-se conscientes quando são constantemente nutridas pelo apreço e pelo reconhecimento, do mesmo modo que também se desenvolvem quando são ajudadas a reconhecer os seus próprios talentos e áreas de melhoria.

Quanto mais aprendemos a relacionar-nos de uma forma funcional, mais melhoramos a qualidade das nossas vidas. Na linguística, diz-se até frequentemente que o fracasso de uma relação é, na maioria das vezes, o fracasso da comunicação.

Mas o que significa aprender a dar e a receber feedback?

Significa impactar positivamente o ambiente social para que se desenvolvam dinâmicas abertas e se gere um bom clima.

A que nos referimos especificamente quando falamos sobre o "ambiente social"?

Parafraseando uma definição de Treccani, podemos afirmar que o ambiente é o conjunto de condições culturais e morais em que vivemos. Qual é o elemento mais importante de todo este conjunto? Certamente o grupo de pessoas pelas quais estamos normalmente rodeados.

Também em termos neurológicos, está cientificamente comprovado que as cinco pessoas com quem lidamos e interagimos mais frequentemente induzem mudanças no nosso cérebro. Estas podem alterar o nosso humor e até influenciar – negativa ou positivamente – a nossa autoestima e a nossa capacidade de aprendizagem. Isto ajuda-nos a compreender a importância de investir na qualidade da construção deste ecossistema social para que o mesmo possa acelerar o nosso desenvolvimento cognitivo e emocional.

Mas como se traduz isto no trabalho?

Cada vez mais se explora o conceito de equipa e as possibilidades para uma melhor gestão dos recursos. Existem muitos modelos e manuais sobre o assunto, e alguns deles parecem inclusivamente oferecer sugestões contraditórias. Como nos podemos orientar nesta amálgama de informações e sugestões?

Pensemos na nossa consciência como um processo passo-a-passo:

  1. O nosso ambiente de trabalho é composto pela nossa equipa, pelo que podemos dizer que o ambiente de trabalho é composto por pessoas;
  2. O feedback atua sobre o ambiente: fá-lo de uma forma viva e latente e faz parte de um círculo mais amplo, como a cultura empresarial e os valores que caracterizam os seus fundamentos;
  3. Trabalhar sobre nós próprios para aprendermos dar e a receber feedback funcional significa ser parte ativa de um processo de melhoria contínua, o que tem efeitos não só a curto prazo, mas especialmente a longo prazo;
  4. Desenvolver uma cultura de feedback significa, inevitavelmente, trabalhar na equipa e na sua eficácia.
Gestão da Performance e do Engagement
Usar as ferramentas de gestão de desempenho para promover resultados de negócio e o engagement das pessoas

Na prática, como pode ser construída uma cultura de feedback?

É inevitável começar pela comunicação.

Que elemento é demasiadas vezes subestimado e, no entanto, indispensável para agir neste sentido? A escuta é competência mais importante da comunicação. Ouvir significa acolher, derrubar barreiras.

O método do “Sim Institucional' – a iniciativa implementada por Jeff Bezos, fundador da Amazon, é significativa e inspiradora, pois revela uma consciência acerca da importância de premiar o empenho e a proatividade dos colaboradores. Graças a esta abordagem, a Amazon é uma das empresas mais inovadoras da nossa época, que reinventa constantemente os seus processos, a sua gestão e o seu modelo de negócio.

Em que consiste o método do “Sim Institucional'?

Quando um colaborador propõe uma nova ideia ou projeto, a sua chefia direta tem como resposta imediata “sim”. Se quiser dizer vetar a sugestão com um “não”, terá de explicar as razões em pormenor, o que inclui compilar uma série de argumentos válidos, bem como uma nova proposta.

Esta é uma forma original de desencorajar a rejeição e que nos leva a uma reflexão muito poderosa: dizer “sim” a nós próprios e às pessoas que nos rodeiam é um meio formidável de aumentar e encorajar a autonomia, a proatividade e a inovação. E se pensarmos bem, todos nós aprendemos desde muito novos com este tipo de feedback.

Uma curiosidade histórica sobre a importância do feedback

O Frei Salimbene de Parma, nas suas crónicas medievais, relata que o Imperador Frederico II, numa tentativa de identificar a origem da língua, envolveu um grupo de bebés numa experiência curiosa.Frederick II decidiu criar um grupo de recém-nascidos em absoluto silêncio: os bebés contaram com mínimo contacto humano possível, apenas para cuidados higiénicos, a fim de eliminar completamente a sua possibilidade de interação linguística com as mães. A experiência destinava-se a resolver uma questão antiga debatida desde os primórdios da humanidade: qual é a língua mais antiga? O egípcio? O aramaico? O hebraico?

Após três meses sem contacto humano, os bebés desenvolveram uma apatia severa, falta de expressão facial, atraso motor e deterioração da coordenação ocular. Uma pequena depressão pairava nos seus berços, envolvendo-os completamente. Os bebés entraram num estado que o estudioso Spitz comparou com letargia. O que tinha acontecido? Os bebés tinham perdido uma das alavancas vitais não só da aprendizagem, mas também da própria sobrevivência: o reforço social, o feedback.

À luz deste episódio histórico, podemos compreender com maior clareza a etimologia da palavra feedback, que vem do inglês “to feed”, que significa precisamente "alimentar", “nutrir”. Comecemos a viver, a acolher e a desenvolver o conceito de feedback como um alimento, antes de mais nada, para nós próprios, com os olhos postos no futuro.

Em alguns estudos, não é por acaso que falamos de feedforward: conceito que identifica o impacto do feedback que recebemos na formação da nossa pessoa e naquilo que nos podemos tornar.

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