O que os filmes nomeados aos Óscares nos ensinam sobre: Competências do Futuro

Cátia SilvaHead of Open Courses Business at CEGOC
  • Histórias do passado com competências do futuro

  • Quais as competências que vai querer desenvolver para o “filme” do seu futuro?

Para o artigo de hoje selecionámos os filmes “Roma” e “A Favorita”, duas longas metragens que nos levam de viagem a um passado mais ou menos longínquo situado entre o México da década de 70 e a Inglaterra do século XVIII, respetivamente.

No entanto, o que procuramos com este regresso ao passado na ficção é a sua ponte para o futuro real, mais concretamente para as competências profissionais que são – e vão continuar a ser – cada vez mais essenciais para integrar o mercado de trabalho dos próximos anos, tendo em conta o ritmo de evolução acelerado das tecnologias, apanágio da 4ª Revolução Industrial, que modificam a cada dia que passa a forma como comunicamos, trabalhamos e em última instância, vivemos.

 

 

Histórias do passado com competências do futuro

De acordo com o relatório “The Future of Jobs: Employment, Skills and Workforce Strategy for the Fourth Industrial Revolution” lançado pelo World Economic Forum em 2016 e que envolveu entrevistas a mais de 13 milhões de profissionais em todo o mundo, ficamos a saber que, num futuro bastante próximo, muitas das profissões que conhecemos irão desaparecer, enquanto outras que hoje ainda não existem surgirão.

Os especialistas em Recursos Humanos são unânimes, acreditando que numa era em que as máquinas e a Inteligência Artificial irão ajudar as pessoas a ser mais eficientes e a realizar tarefas mecânicas e monótonas, as competências genuinamente humanas serão os aspetos mais valorizados na hora de recrutar – e aqueles em que os colaboradores deverão apostar ao nível do seu desenvolvimento pessoal e profissional para mais facilmente atrair a atenção das organizações.

Neste contexto, e das 10 competências do futuro citadas pelo World Economic Forum (Flexibilidade Cognitiva, Negociação, Orientação para o Cliente, Julgamento e Tomada de Decisão, Inteligência Emocional, Trabalho em Equipa, Gestão de Pessoas, Criatividade, Pensamento Crítico, Resolução de problemas Complexos), selecionámos as 5 que nos parecem mais representativas de ambos os filmes e que ajudam a ilustrar os aspetos humanos que serão mais procurados e valorizados pelas empresas nos ambiente de trabalho nos próximos anos.

  • Negociação

Com a evolução exponencial da tecnologia e a consequente automação do trabalho, as competências sociais, como a capacidade para estabelecer acordos e consensos com pessoas e grupos, gerindo adequadamente os conflitos de interesses e tentando chegar a resultados positivos para todas as partes envolvidas, serão essenciais. Esta competência está ilustrada no filme “A Favorita”, no qual a duquesa Sarah Churchill e Abigail Hill disputam a afeição da rainha Anne e utilizam, para o conseguir o seu favoritismo, os mais diversos truques, acordos e argumentos eficazes para a influenciar e persuadir.

 

  • Inteligência Emocional

O conceito de inteligência emocional foi popularizado por Daniel Goleman e envolve reconhecer e avaliar tanto as nossas emoções como as das outras pessoas, estabelecer empatia com esses sentimentos e produzir os resultados desejados – uma competência fundamental para gestores, líderes e profissionais do futuro. É isso que verificamos em “Roma” – à medida que o filme avança, os problemas de Cleo modificam-se ao sabor da sua gravidez e um turbilhão de emoções que mistura solidão, raiva, desespero, tristeza e conformação exige à personagem grande elasticidade e equilíbrio mental para seguir em frente.

  • Julgamento e tomada de decisão

Os profissionais do futuro vão ter de saber analisar dados e números e decidir estrategicamente em função dos mesmos, de forma a conseguirem tomar decisões muitas vezes cruciais para a organização onde trabalham. Também no filme “A Favorita”, as três principais personagens tentam abstrair-se de todos os dramas pessoais e sentimentais, para anteciparem a evolução dos acontecimentos, preverem o seu impacto e decidirem estrategicamente e com “punho de ferro” em função de um propósito maior – a resolução política dos problemas enfrentados pela monarquia britânica da altura.

  • Trabalho em equipa

Independentemente dos seus estatutos sociais e do vínculo patroa/empregada que as separa, Sofia e Cleo formam em “Roma” uma verdadeira equipa, que consegue manter a família unida – para além da solidão pós abandono que partilham, ambas reconhecem que, sem suporte, dependem maioritariamente uma da outra e é entre si que partilham responsabilidades. Também no mercado de trabalho do futuro a capacidade de integração, dinamização e a criação de sinergias através da participação ativa de indivíduos cada vez mais diversos culturalmente entre si vão ser cada vez mais fundamentais para comunicar, liderar e integrar as diferenças.

  • Pensamento crítico

Um colaborador capaz de analisar os dados, ponderar as diversas alternativas de resposta e propor soluções para resolver problemas em tempo considerado útil vai ser um trunfo para qualquer equipa e organização que queira vingar no mercado de trabalho do futuro. E tanto em “Roma” como em “A Favorita”, as personagens principais conseguem ultrapassar situações limite que vão surgindo (abandono, morte, traição, violência, guerra…), cena a cena, deixando para trás as suas fragilidades e criando um discernimento racional e lógico que lhes permite fazer o melhor possível, com os recursos disponíveis e no momento exato.

Adquirir e desenvolver cada uma destas competências apresenta-se vital para enfrentar os desafios pessoais e profissionais que o século XXI nos apresenta. Mesmo que o nosso local de trabalho não se assemelhe a uma corte inglesa, existirão sempre “ataques” externos e “guerras” para combater diariamente, que exigirão de nós o distanciamento necessário para um julgamento sensato e um pensamento crítico à altura dos acontecimentos. Do mesmo modo que, mesmo não vivendo num bairro pequeno e problemático, saber trabalhar com a equipa que temos e gerir as emoções serão sempre competências fundamentais para alcançar resultados e parcerias sustentáveis e a longo prazo em qualquer empresa ou ramo de negócio.

A vida não é um filme. Mas podemos sempre trabalhar para a reescrever de forma diferente.

 

Quais as competências que vai querer desenvolver para o “filme” do seu futuro?

Escrito por

Cátia Silva

Licenciatura em Psicologia Social e das Organizações pelo ISCTE. Mestrado em Direção Comercial e Marketing pelo “Instituto Universitario de Posgrado” em Espanha.MBA Executivo em Gestão de Recursos Humanos pela Escola de Gestão & Negócios – Universidade Autónoma de Lisboa. Professional Diploma in Marketing Digital, pelo Digital Marketing Institute.

Practitioner em Programação Neuro Linguística pela “The Northern School of NLP & Associated Studies” no Reino Unido. Responsável pela Formação Inter Empresas CEGOC no seu todo e pela oferta específica na área de Vendas & Negociação Comercial tem, também, experiência na Gestão de Carteira de Clientes e na Gestão de Projetos de Intervenção/Formação.

Responsável pela condução de ações de formação em diversas geografias (Europa, América Latina e África), através de distintas modalidades (formação presencial, 100% digital, blended e outdoor).

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